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Serrotes japoneses: quais são suas características e modelos disponíveis?


Cortar madeira. Nem é preciso dizer que esse é um processo mais do que básico na marcenaria e carpintaria, seja no início, seja no meio ou no final do trabalho. E tem horas que somente o bom e velho serrote terá que ser convocado ao dever. Porém, o corte manual costuma ser cansativo e sem precisão, além de deixar marcas que exigirão um processo de lixamento.


Calma! Talvez o seu desgosto do corte manual seja apenas com a ferramenta, e não com o processo. E hoje, com a experiência que tenho, posso garantir que a ferramenta de qualidade vai te fazer mudar de opinião. É aqui que entram os serrotes japoneses, que mudaram a minha vida desde o dia que os experimentei pela primeira vez!


Vale ressaltar que hoje o mercado está cheio dos ditos serrotes “tipo” japonês, mas que são fabricados fora do Japão. Então, vamos esclarecer o que diferencia os serrotes japoneses dos serrotes ocidentais.


A principal diferença entre essas duas categorias, japoneses X ocidentais, é o sentido do corte. O serrote japonês corta na puxada, enquanto os nossos serrotes cortam ao empurrar.


Mas a diferença não para por aí: o cabo é sempre longo e fino, lembrando mais o cabo de uma faca que de um serrote. Por vezes, esse modelo de cabo assusta um pouco, mas é fácil se acostumar com a pegada, principalmente porque permite a empunhadura com ambas mãos. Esse modo de empunhar a ferramenta exige que o trabalhador fique posicionado alinhado ao meio do corte, permitindo uma visualização equilibrada de ambos lados da lâmina.

 

Geometria dos dentes

Se você tem um serrote tradicional, perceberá que os dentes têm um ângulo de ataque apontado para a frente da ferramenta, e sua afiação feita apenas de um lado da geometria, também na frente do dente. Já nos serrotes japoneses, temos uma afiação dupla, tanto na frente quanto atrás dos dentes, propiciando um corte firme e um retorno suave.


Além dessa afiação comum na geometria de dentes para cortes cruzados ao veio (cross cut), ainda temos a geometria para cortes ao longo do veio (rip cut) que é facilmente identificada pelos tamanhos maiores em comparação com o primeiro. Os dentes rip cut, além de serem maiores, são mais agressivos para manter o corte alinhado com o que se deseja.

 

Tipos de serrotes japoneses

Um fator que costuma desanimar, ou pelo menos confundir, muita gente, é a quantidade de opções disponíveis de serrotes japoneses. São muitos tipos e nomenclaturas não usuais ao nosso idioma, e geralmente são tidas como “marcas” de serrote.


No entanto essa é a parte mais fácil de explicar aos iniciantes e leigos, tornando a pesquisa mais fácil.


A variedade se dá principalmente ao serviço a que cada um vai se destinar. Assim sendo, vamos abordar aqui as quatro categorias mais comuns para os serrotes japoneses: o modelo ryoba, o modelo kataba, o dozuki e o flush.





Ryoba


O primeiro modelo é elencado assim por ser o mais emblemático serrote japonês. Se você já teve contato com um serrote diferente, com dentição dupla, saiba que ryoba é o nome desse modelo de ferramenta.


Ryoba, em japonês, significa algo como “corte duplo” ou “duas dentições”.

Esse serrote já está disponível em vários tamanhos, inclusive tendo sido replicado por empresas ocidentais tais como Wolfcraft e Toughtbuilt.


Eu, particularmente, gosto do modelo original, que é o ryoba da Suizan, vendido em nossa loja online (lojaempoeirados.com.br) por apresentar o corte mais suave de todos os modelos.


Esse serrote possui duas linhas de dentições distintas, cada uma atribuída a uma direção de corte.


Os dentes menores, e com passo também menor, são destinadas ao corte cruzado ao veio da madeira tal qual fazemos com caibros, pontaletes, vigas, sarrafos, etc.

Já os dentes maiores são apropriados ao corte no sentido do veio da madeira, ao longo das fibras, muito útil então no corte de encaixes especiais principalmente na carpintaria.


Esse serrote é a principal ferramenta utilizada na carpintaria japonesa na construção de casas com estruturas de madeira, e é também muito prático já que com uma única ferramenta você resolve cem porcento dos cortes utilizados nesse tipo de armação civil.

 

Kataba



Esse modelo é o mais parecido com os serrotes ocidentais, com exceção do cabo.


Kataba significa “corte simples”, e justamente por isso, é possível encontrar pelo menos três divisões entre eles. Já que sua lâmina tem apenas um lado de corte, é preciso escolher as dentições adequadas para cada corte. Assim, a coleção começa a aumentar.


Os katabas podem ser encontrados com configuração de dentes para cortes cruzados ao veio da madeira, para cortes no sentido do veio da madeira e uma terceira opção que são as geometrias universais, ou seja, desenho de dentes que performam bem tanto em um sentido quanto no outro.


Como dito acima, alguns modelos de kataba possuem cabos mais ergonômicos, mas que impossibilitam utilizar as duas mãos para desdobrar madeira. Esses modelos foram desenvolvidos para conquistar o mercado ocidental, mas cá entre nós, os cabos tradicionais são muito mais práticos, depois que se acostuma.


Dozuki



O modelo dozuki é o que costumamos chamar de jóias. Isso porque são serrotes com dentes muito pequenos, mesmo os desenvolvidos para o rip cut, e entregam um corte muito limpo e preciso.


Comparáveis aos serrotes ocidentais com costa (que muitos chamam de “costinha”), essas ferramentas têm um batente na parte de trás da lâmina, que serve para reforçar a chapa de metal, já que costumam ter uma espessura de três décimos de milímetro. Já contando com a trava, entregam cortes finíssimos, de quatro a cinco décimos de milímetro.


São indicados para fazer encaixes de precisão na marcenaria fina, tais como encaixes quadrados, rabo de andorinha, cortes em meia madeira, e outros.


Por sua especialidade, costumam ser os mais caros disponíveis nas lojas e também possuem dentição diferenciadas, como os modelos kataba. Além disso, alguns modelos apresentam em sua ponta uma espécie de gancho, muito útil para se fazer corte em mergulho.


Como é sabido, serrotes de costa tem um limite de profundidade de corte, justamente por causa do reforço. Porém, nos serrotes japoneses, essa limitação costuma ser de cinquenta milímetros para os serrotes de 240mm de comprimento, e de trinta milímetros para os serrotes de 150mm.

 

Flush



O último dos quatro modelos é também o mais específico de todos. O serrote flush é uma ferramenta que tem a lâmina bastante flexível, desenvolvida para fazer cortes de enxertos como os feitos para tapar cabeças de parafusos. Também é útil no corte de enxertos para restauração de madeiras. Isso se dá porque esse modelo de serrote não tem travas, ou seja, os dentes são alinhados à lâmina. Dessa forma, se encostarmos o fio de corte sobre uma superfície de madeira, mesmo que já esteja lixada, e puxarmos, ele não irá riscar a face polida.


Também por não ter travas, esse serrote não é indicado para corte geral, já que pode facilmente enroscar e acabar criando uma dobra na lâmina, o que inutilizará a ferramenta.

 

E é só isso?


Aqui elencamos 4 modelos de serrotes japoneses que são os mais facilmente encontrados no mercado nacional. No entanto, não se limitam a apenas esses. Como dissemos, cada serrote tem uma destinação: desdobra, marchetaria, kumiko, etc. Então existem outros modelos que infelizmente não caberão aqui nesse espaço.


Se ainda não testou o corte de um desses serrotes, será um prazer recebê-los aqui em nossa loja para essa experiência. E durante a Mega Feira de 2024, estaremos com um stand onde costumamos apresentar ao vivo essas incríveis ferramentas. É sempre um prazer receber novos entusiastas nesse hobby que é a marcenaria!


 

EMPOEIRADOS

Leandro e Luciano são os Empoeirados e comandam uma loja e canal do Youtube sobre Marcenaria e Hobby.





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