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Plainas Brasileiras


É quase incontestável que ferramentas e máquinas fabricadas há algumas décadas em geral são de qualidade muito superior às feitas na atualidade. Quando falamos de ferramentas manuais para marcenaria então apenas algumas empresas, da América do Norte e Europa, continuam a fazer produtos de alto desempenho. Entretanto para uso do hobbista muitas delas são inacessíveis, seja do ponto de vista de preço ou até mesmo pela logística de importá-las. A solução é procurar por ferramentas usadas e antigas que possam ser restauradas.


Pode-se encontrá-las nas feiras de antiguidades, anúncios em sites de desapego, marketplaces ou até mesmo nos endereços onde funcionavam oficinas desativadas. Estaremos procurando por um bom formão, serrote, martelo, raspador, spokeshave (ou corteché) e por uma plaina manual. É possível escrever um artigo para cada uma delas, mas nos concentraremos em como escolher uma plaina manual de ferro fundido, suas diferenças entre marcas e modelos e que coisas observar ao comprar uma usada para restauração.


A PLAINA MANUAL

Plainas manuais de madeira funcionam bem já por muitos séculos. Leva uma vantagem sobre a de metal por ser mais leve, deslizar melhor pelo contato entre a madeira e o solado da plaina e por terem, em sua maioria, lâminas de aço de melhor qualidade. Os ajustes de lateralidade da lâmina e o quanto ela se projeta para fora são feitos por meio de martelo e demandam experiência e prática para que sejam feitos com eficiência. A plaina metálica, por outro lado, tem uma variedade maior de ajustes que podem ser feitos mais rapidamente. A escolha entre elas é meramente pessoal e ambas fazem o mesmo trabalho na mão de um marceneiro habilidoso.


A plaina manual de ferro começou a ser produzida no formato em que conhecemos há mais de 150 anos por Leonard Bailey em Boston, MA, USA. Desde 1867 um incontável número delas foi colocado no mercado, sendo a maioria fabricada pela Stanley, que comprou as patentes de seu inventor e a produziu em larga escala tanto nos EUA como Inglaterra e mais uma dezena de países, incluindo o Brasil, a ponto da ferramenta se tornar conhecida como "plaina Stanley". Outros fabricantes também fizeram modelos derivados das mesmas patentes com algumas modificações, dentre eles alguns nacionais como Abohr, Bohrer e Metril.




QUAIS PLAINAS USADAS SE ENCONTRA

Os modelo Bailey produzidos pela Stanley nos EUA e Inglaterra, com estampas Made in USA e Made in England, são bem conhecidos por sua qualidade e também colecionáveis, e não é incomum achá-los de segunda mão embora isso seja mais difícil. São 19 tipos diferentes (do tipo 2 ao 20, já que o tipo 1 foi produzido pela empresa de Leonard Bailey antes da compra pela Stanley), dos quais são mais facilmente encontrados no Brasil os tipos 18 e 19, fabricados de 1946-1961. A principal diferença destes para os de fabricação nacional que falaremos a seguir é a rosca esquerda no volante de ajuste de profundidade do ferro. Dentre essas que foram importadas é praticamente impossível de se encontrar uma Stanley Bed Rock, portanto não falaremos desse modelo usado e tampouco de suas variações modernas de outras empresas, disponíveis apenas por alguns milhares de reais para o consumidor final.


Das plainas feitas pela Stanley no Brasil  há 3 modelos, com algumas variações nos próprios de acordo com o tempo: Bailey, Master e Handyman. Não existem informações oficiais sobre seus períodos de fabricação, mas alguns colecionadores sugerem um início da produção no final da década de 1970. O modelo Bailey começou a ser produzido com uma versão idêntica às americanas e inglesas, depois houveram mudanças em peças como a alavanca de ajuste lateral, parafusos dos punhos e volante. Por volta do final dos anos 80 e após as Bailey vieram as Master, inicialmente com o solado pintados de vermelho e com pelo menos duas variações entre si, distinguíveis na cor do solado, alavanca de ajuste lateral e volante.  Já na década de 1990 surgiram as Handyman, que não têm o nome Stanley na capa e tem o tote, ou punho traseiro, com um ângulo mais alto e mais desconfortável que as demais. Dentre esses modelos nacionais as Bailey são excelentes, as Master são boas e as Handyman razoáveis. Porém mesmo as Handyman são melhores do que as atuais Stanley Global disponíveis no mercado. Uma característica tida como indesejável na maioria dessas plainas, mas com a qual pode-se acostumar, é que a rosca do volante de ajuste de profundidade é direita: dá-se mais ferro girando em sentido anti-horário, ao contrário das importadas.


Em 1966 Arlindo Bohrer fundou a empresa Bohrer Máquinas e Ferramentas na cidade de Sapiranga, RS. Não se sabe ao certo quando começou a produzir ferramentas de marcenaria mas ainda podemos encontrá-las no mercado de usados com bastante facilidade. Inicialmente elas vinham marcadas como ABOHR e foram feitas nos tamanhos 3, 4, 5 e 6 com solado liso e corrugado. Também foram feitas variações de outros modelos da Stanley, mas nos concentraremos nos modelos semelhantes ao de Leonard Bailey. As plainas Abohr são mais pesadas e têm ajuste de profundidade com roscas direita e esquerda, sendo mais comum as direitas. Após vários anos produzindo plainas com o nome de Abohr a empresa trocou de nome para BOHRER, porém sequer mudou o CGC (cadastro geral de contribuintes, atual CNPJ). Há inclusive plainas Bohrer desse período que foram embaladas em caixas com o nome Abohr. A qualidade geral das peças é inferior: a alavanca de ajuste lateral é estampada em uma única peça, os parafusos dos punhos são inteiriços, os punhos frontais são mais baixos que de outras marcas e tanto o de trás como o da frente são pintados de preto ou laranja escondendo o belíssimo Louro faia utilizado em todas as Abohr e Bohrer. Porém, depois de ajustadas, são boas plainas.


Ainda é possível encontrar plainas usadas da Tramontina e Metril, que após ajustadas funcionam razoavelmente mas há poucas informações sobre sua história e modelos disponíveis.


RESTAURAÇÃO E USO  


Embora seja mais simples de usar do que a plaina de madeira engana-se quem acha que terá menos dor de cabeça ao restaurar uma plaina usada. Existe muito material disponível em vídeos e no grupo Marceneiros Mega do Telegram e sempre se pode recorrer a ele quando se deseja aprender sobre a ferramenta ao mesmo tempo em que a restaura. É importante avaliar se o investimento de tempo e esforço valem à pena mas em geral a satisfação de usar uma ferramenta bem ajustada e eficiente compensa os reveses enfrentados.


Caso decida não gastar tempo em procurá-las, além de não querer correr risco nos mercados online, pode-se comprar uma ferramenta antiga pronta para uso ou que demande pouco trabalho para funcionar nos muitos comerciantes que expõem na Mega Feira de Hobbismo.


Por Anderson Vargas - Plainas Antigas

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