Design aplicado ao Objeto Artesanal
- Thomaz Brasil
- 4 de ago.
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Atualizado: 13 de ago.
Quando falamos em Objeto Artesanal, é muito comum pensarmos em algo com características mais artísticas do que uma peça com aspectos projetados. Esse pensamento, no entanto, é enganoso. O Objeto Artesanal é, na verdade, o resultado de uma forma diferenciada de produzir e, nesse caso, significa o oposto do processo industrial, onde o objeto resultante é feito por máquinas, de forma fria e automática, com pouca ou nenhuma participação humana.
Assim, temos o artesanal como resultado de um processo elaborado e complexo, conduzido e centrado no ser humano, primordialmente feito com grande intervenção pessoal, onde cada detalhe é pensado de modo a trazer diversidade na forma, na função e até no sentimento.
Design, por sua vez, é uma atividade de projeto que pode ser aplicada tanto no processo produtivo quanto no objeto em si, em sua forma, função ou estética. Muito usado na indústria, é um processo que busca soluções inovadoras para atender características específicas de objetos e serviços, e necessidades do cliente e da empresa. O objetivo é oferecer algo melhor, mais fácil de produzir e mais adequado ao cliente ou usuário. É um processo que agrega valor ao objeto e que permite sua universalização entre o público.
Então, se como vimos o Objeto Artesanal é resultado de um processo planejado, podemos aplicar a ele todos os conceitos de Design aplicados à produção industrial. Eis alguns exemplos:
Proporção É preciso levar em consideração as dimensões do objeto, a relação entre largura x comprimento x altura, e buscar uma harmonia. Um objeto muito largo e baixo vai parecer mais pesado que um mais estreito e alto. Bases menores dão maior leveza a uma peça, mesmo ela sendo muito larga. Paredes grossas ou finas podem influenciar a percepção de solidez e fragilidade do objeto. O posicionamento de detalhes e adornos – mais para cima, mais para um lado – vai alterar a percepção da proporção total da peça.
Ergonomia Adequação de objetos ao corpo humano é a função da ergonomia. Objetos com alças ou puxadores muito pequenos ou muito grandes são desconfortáveis de pegar. Cadeiras muito estreitas e mesas muito altas são incômodas. Existem tabelas que determinam tamanhos mínimos e máximos mais adequados para o corpo humano de acordo com idade, peso, altura, gênero, etc. Seguir esses parâmetros vai fazer com que mais pessoas possam usar o mesmo objeto.
Forma x Função Geralmente ignorada para privilegiar a estética, essa relação é extremamente importante. É ela que faz com que objetos possam ser bem usados ou não: potes e canecas com quinas muito agudas podem machucar, tigelas de comida cheias de frisos são difíceis de lavar, cabos de ferramentas cheios de protuberâncias são ruins de manusear. Se um objeto tem uma função específica, a forma deve privilegiar essa função. A estética vem depois.
Escalamento e Modularidade Em uma produção em série, o escalamento ajuda diminuir o custo da matéria prima e dos insumos usados, assim como também organiza a sequência de trabalho, economizando tempo e dinheiro. É mais rápido produzir pequenas quantidades de uma mesma peça do que fazer várias peças diferentes uma após a outra. Da mesma forma, objetos diferentes que usam as mesmas peças modulares também colaboram com a organização da produção e a economia de materiais. Isso pode ser o diferencial na formação do preço final do objeto, permitindo que ele seja competitivo na venda.
Esses conceitos são apenas alguns exemplos de como o Design pode ser aplicado ao Objeto Artesanal. Há muito mais que se pode pesquisar e fazer para transformar seu objeto em algo realmente marcante.
E isso vale muito.
Thomaz Brasil
Designer e artesão, em Petrópolis, RJ. Desde 2007 mantém a oficina de tornearia Madeira que Gira
Esse artigo foi publicado na 3ª edição da Revista da MEGA Feira de Hobbismo